A voz sem vez que se cala
Rua Ana Nery, centro de Ilhéus. Na escuridão da madrugada desta quarta, um morador de rua enxergou a morte. As fotos do taxista Paulo Carvalho, revelam dois descasos da gestão pública. A escuridão da rua poderia ser evitada. Bastava uma lâmpada. O abandono, também. Bastava uma mão.
O permanente debate sobre o abandono humano registrado e encampado por este site é visto por setores do governo como "injusto e perseguidor".
Enquanto temos mostrado dezenas de moradores de rua entregues a própria sorte, dirigentes da secretaria insistem em dar uma dimensão que efetivamente não tem a um tal Centro POP que não atende mais de 15 moradores de rua por dia. Isso, segundo informam, na teoria. Nem se sabe nem se na prática funciona assim.
Pior: segundo o governo não atende mais, porque a maioria deles não quer sair das ruas.
A secretaria, na prática, assume que é refém do problema. Jamais uma solução para ele.
Nesta madrugada, na escuridão da rua que homenageia a pioneira da enfermagem no Brasil, a dor deste morador de rua chegou ao fim. Mas a ferida não vai cicatrizar até que medidas sérias sejam tomadas pelas autoridades municipais para que possam salvar outras vidas próximas ao mesmo destino.
Agora este corpo ensanguentado (que a gente não se sabe sequer o nome) nada mais é que mais um na triste estatística da população sem vez e sem voz de uma cidade que não consegue vencer o seu próprio abandono.
Triste.